Boas águas?

O mar é uma armadilha
sem fim.
Paixão de alguns,
 medo de outros,
fascínio de todos.
A sua cor matizante e
 ondulada...é um imã.
Feitiço para os que
 desejam se perder.
A imensidão é um perigo.
 E o desconhecido que lhe
emana do mistério, é mudo.
Assim, ninguém lhe escapa
Nem mesmo as
 áridas almas
 das terras secas 

Deus/adeus

Poesia é quando as palavras inventam a alma, sacodem as folhas do meu pomar ou quando no silêncio o coração escuta Deus.
E se desmancha em criar, fazendo bailar as palavras, gerando tantas outras!
Poesia ê a aprendizagem do dizer, a renovação das emoções, a tentativa de tradução.
A poesia é a palavra.
A poesia é traduzir Deus.
Ela sabe tanto dizer a Deus, quanto dizer adeus!

A composição e a psicologia

Saio de um poema,
Como quem fez terapia.
A palavra cristalizada
Me faz ver um tanto claro.
E como pássaro começo a desabrochar.
Talvez como a roupa vazia que despi, essa folha em branco, me incite o verso, me envie ao sonho.
Eu me escondo onde nada existe e onde a liberdade é nômade.
E como meu tempo não tenha noite, nem dia...Também não tem fonte nem fuga.
Sem fuga, nada flui, só o silêncio.
Ai este espaço em branco corre o risco de tornar-se cinza ou sal. Açúcar?
O limão, a pedra, o sol, a pele,tudo pode virar ilusão.
O poema está a ponto de explodir e eu, eu percebo que é disso que preciso: de uma psicologia que crie do nada. Que salve a alma da possibilidade somente do existir, do dizer. A palavra tudo faz e cria! O descuido ficará aberto. Qualquer hora é hora de entrar neste quarto. Papel em branco, caneta sangrando. Libertação! A poesia brota vida e sanidade. Realidade? Talvez. Pergunta a psicologia!

Estrategias de sobrevivência

Será que ao invés de procurar uma nova revelação de Deus, não devêssemos nos concentrar na revelação que já nos foi concedida?
A criação, a bíblia,
Jesus! A igreja.
Procuremos Deus, não na felicidade. Mas o procuremos somente.
Está é a estratégia da felicidade.
Ficar na companhia de Deus. Isso implica mais que um tempo dedicado à oração.
Deus está dentro de nós o dia inteiro. Vivendo ao redor e dentro de nós.
Precisamos estar atentos. Ouvir o som da noite, os sinais do alvorecer.
Contentarmo-nos com a sua graça. Isso basta. Isso é estratégia de vida.

Incompetência

Às vezes acordo desanimada.
Desconsolada. Para
Onde foram as amizades?
A verdade é que somente
A si mesmas as pessoas tem amado.A solidão será o preço. Mereço isso? Só procuro alguém para amar!
Para fazer feliz. O resto?
Consequência disso!

Um pouco antes

Eu nem quero olhar esse tempo.
Já passou. Quero olhar agora
e além!
O tempo de ser feliz.
O passado, mesmo um pouco antes,
já não conta mais.
Embora eu tenha que reconhecer
que determinou o meu agora.
Mas até isso, voltará a ser,
um pouco antes!

Vida e sangue

A minha luta
Reluta em
Permanecer.
E a escolha
De decidir,
Sempre,
Em vencer!

Incerteza

A certeza de dentro
adoeceu.
Amanheceu com gosto de cinza.
Ranzinza a alma
reclama as perdas e as ausências.
Que são ciências
da dúvida.
E você duvida do outro dia.
Que passou ou que virá?
Incerteza.

Inverso

Por que inverso é o contrário?
E se eu quiser que seja (in) verso?
Dentro do verso que lhe canto?
Tenho para mim que poderia ser, também,
O verso de dentro.
A intrínseca poesia contínua. Em andamento na alma.

Reverso

Nova conotação.
A licença poética me assegura:
O reverso é o verso repetido.
Ou a sua reversão.
Reverso...é rever o verso, criar transformações no verso.
Brincar de palavras é tão bom!

Meninos

Os meninos me ensinam a contar o tempo.
Com suas transformações e gostos que se renovam e mudam com suas vozes que engrossam
Bigodes que nascem e barbas que crescem...em mim nascem certezas cada vez maiores: a vida passa!

Para dentro

Eu tenho aprendido a viver para dentro.
Tenho me escondido o mais que posso.
E me vejo girando em volta dos próprios passos.
Dei de agora
Pensar na morte.
E que legado deixarei.
Isso é revolver os ossos.
É desejo de ressurreição.

Dedicatória

Ao universo que me abriga em verso,
Aos pingos de chuva na janela em dias frios,
Ao sol que entra pela porta no verão,
Aos relâmpagos e trovões e a calma pós tempestades...
Minha saudação!
Há mais vida em vocês do que em minha vã filosofia!