sobre o vírus
Confusos pensamentos, sentimentos
dispersos, um misto de tristeza
angústia, ante o cenário difuso e
perplexo, complexo de agora!
Quanto pode fazer o minúsculo
diante do grande.
A força independe de tamanho.
Há um misto de susto e medo
pairando no semblante dos seres
que me assemelham.
Por que não sinto medo?
por que não estou assustada?
Minha depressão não vem do vírus,
da doença. Vem do abrir mão
à liberdade de ir e vir.
De abraçar, de estar mais só do
que a minha solidão.
Essa, sim, é sensação de morte
em vida...
sensações
segunda-feira, 27 de abril de 2020
Sobre o jejum
Minha forma de expressar
minha pequenez e tua
grandeza.
tua nobreza.
Minha forma de mostrar
minha dependência.
Minha ciência e vontade.
Minha forma de dizer
que preciso de intimidade
contigo. Uma maneira
de declarar meu amor.
Jejum é confiar que podes
sustentar e fortalecer.
Jejum é adorar em
beleza e santidade.
é colocar-me em teu colo.
Abrir mão de mim.
Despir-me do orgulho
e deixar que domines.
É deixá-lo no controle,
pois és, sozinho, o senhor
de tudo o que quer.
Habita em mim!
Palavras e pensamentos
quinta-feira, 9 de abril de 2020
A leveza é uma palavra leve. E como o vento, te leva por aí. Já aí, é uma palavra que denota lugar. Lugar nem sempre se escolhe. Escolhe lembra a liberdade. E liberdade? Retoma viagem, que retoma o plural de lugar. Lugares lembra a pluralidade de espaços. E espaços, não sei porquê, me lembra laços. Talvez porque os laços não prendem à força. Prende por vontade. E vontade é quando você decide. Mas decide, nem sempre é sinônimo de vontade. Para isso, corressponde o desejo. E corresponde? É responder com? O desejo é mais subjetivo. E subjetivo lembra logo a alma, o pensamento. Pensamento tem a ver com momento. E momento, com instante. E instante me lembra a inconstância. A minha. Minha lembra posse, que lembra o egoísmo, mas que rima com heroísmo. E heroísmo, lembra vencer. E final feliz. Então eu decido terminar por aqui. Mas aqui me traz um espaço. Um lugar para recomeçar. Recomeçar é um começo de esperança. E esta rima com herança. Herança lembra dinheiro. O dinheiro o ouro. O ouro o brilho. O brilho a luz. A luz me conduz à paz. A paz me aquieta. Aquieta é uma palavra calma. Eu acalmo o coração, o pensamento, e descanso as palavras.
Anedy Belisario
Entrega voluntária
sábado, 4 de abril de 2020
Eu me entrego assim
Como te entregastes a mim.
A diferença está em que não
Precisavas. Foi totalmente graça.
Mas eu, dependo dessa entrega.
Nada sou, nada tenho senão
A tua misericórdia!
Olha para mim.
Enfim, recebe a mim mesma
, como nardo e oferta.
Sou tua, senhor!
Habita em mim.
Rumo de olhares
Não consigo disfarçar:
olho para cima, para baixo
, nos lados...e vejo gente de todo tipo. Espécies.
Ouço gritos e músicas.
Imagino versos e combino sintaxes
. Formulo conversas...como
o pensamento grita e sugere!
Mas não dão o rumo certo.
Nem os olhares. Tento me encontrar e não
consigo. Acho que me perdi na multidão
que busca os rumos. Pelos olhares?
Não sei. "Só sei que nada sei"
"Conhece-te a ti mesmo"
Os que olham para baixo,
não me parecem ter um caminho
para ensinar. Para cima? Só buscam.
Nada sabem! Para os lados, a dúvida os corroem.
Não percebi se olharem para dentro.
Esses talvez busquem o tempo perdido,
os espaços confusos do eu.
Mas dentro não tem nada também!
Só a alma, vazia, ouvindo os últimos
ecos de comando; fica em casa. Fica em casa!
Que casa? Que casa? Eu quero é o tempo de volta.
A vida de volta. Como seres tão minúsculos
podem ser mais fortes que os homens?
" fica em casa. Meus olhares seguem
o rumo de dentro. E a alma, a alma ou eu?
Alguém pergunta de dentro: qual o rumo?
Sem prumo, não se vai a lugar algum!
Sou autista
Quem não tem um mundo
intocável e inviolável?
Um mundo seu, onde só
entra, o que vê, com o coração!
Sou autista, porque sou com,
parceira de uma beleza singular.
Privilégio do céu.
Viva esses anjos
que Deus enviou à terra